segunda-feira, 27 de junho de 2011

Blues do Sobrenatural

Mas e se acontecesse de novo?
(e se eu te visse) desviando do povo
(e se eu sentisse) sua mão gelada
(e se você sorrisse) na beira da calçada

Meu passo é tão seguro e meu caminho é escuro
Não pedi nenhuma escada pra descer do muro
Nessa noite gelada, eu quieto e ela calada
Dentro daquele vestido, uma ruivinha tão s...

Então eu vejo uma lanterna de fogo e um clarão
Paro pra encarar, ela quer me jogar no chão
Ela pega um cigarro e ergue até o rosto
Olho praquele vestido e meto a mão no bolso

Arranco do fundo o papo leve e um isqueiro
E alcanço uma faísca pra menina ligeiro
Uma chama e um sorriso e o cabelo vermelho
Eu peço seu nome como um cavalheiro

Ela me encara e arranca o fogo da minha mão
e bafora na minha cara, diz que "não"
"Menina, relaxa, só tentei ser gentil
vou voltar pro meu sossego, já queimei teu pavio"

Ri e diz que tá tudo bem,
que só queria um assunto pra puxar também
A essa altura, veja, eu já sabia de certo
que seria problema essa mulher por perto

Mas que olhar! Que sorriso! E que cheiro gostoso!
Essa mulher merece um pouco mais de esforço...
E a parada vazia e a noite tão fria
Não faria mal, aproveitar a companhia

Mas e se acontecesse de novo?
(e se você me visse) desviando do povo?
(e se você sentisse) minha mão gelada?
(e se você sorrisse) na beira da calçada?

E pro meu infortúnio, mordiscou aquele beiço
Ah, eu sabia, que eu iria perder a razão
me disse que sentiu um arrepio
e tocou a minha mão

Não sei de onde veio o berro que eu escutei
Naquele momento, acho que eu despertei
do feitiço maldito daquela mulher diabo
E disparei pra salvar o meu rabo

E então corri! Caí! Pulei! Perdi!
E já em casa, quando dei por mim,
E ouvi uma risada do corredor
Tranquei a porta e me salvo do terror

Então começo a chorar quando entro no banheiro
Horror eu vejo mesmo me encarando no espelho
Não paro de soluçar e de medo me ajoelho
Ao olhar pra pia, vejo ali o meu isqueiro


Mas e se acontecesse de novo?
(e se você me visse) desviando do povo?
(e se você sentisse) minha mão gelada?
(e se você sorrisse) na beira da calçada?

E se! Ah, nunca mais!

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